terça-feira, 3 de outubro de 2006

O botão

O botão é uma rosa
Emocionalmente indisponível,
Entrincheirando o seu perfume
Na alternância de suas pétalas.

O botão é uma rosa
Intangível àqueles que colhem,
Utilizando suas sépalas
Para proteger seu pólen.

O botão é uma vagarosa dança,
Uma melodiosa esperança
De ser rosa.

Alheio caminho, sofreguidão,
Faceta de flor atrás de cada espinho,
Abre mão de ser rosa para ser botão.

Eis que encontra uma mão carinhosa
E se permite abrir aos pouquinhos,
Nunca perde seus espinhos
Mas sem perceber torna-se rosa.

Liberta então o seu perfume,
Seu pólen não recorda nenhuma dor,
Ela agora abre mão de ser botão
E se reconhece como uma linda flor.

Daniel M. Laks
03/10/06