terça-feira, 30 de setembro de 2008

Elementos que compõe seus sonhos

Olhando fotos dela
Escreve poemas.
Como se papel e caneta
Criassem um novo mundo,
Um abrigo num lugar distante.

Compõe seus sonhos
Com pequenos elementos.
Flores de maio em setembro,
Torta de chocolate,
Uma semana de dois dias,
Sabor de vinho depois da tempestade.

Ela lê seus versos
E expõe juízo desinteressado.
Classifica entre bonitinho, bonito e muito bonito.
Não sabe a felicidade que gera
Só de ler os poemas.

Depois ele se culpa
Por ser disponível demais,
Por ser fácil demais,
Por sonhar demais,
Por falar demais,
Por ser sincero demais,
E por querer ela tanto assim.

Então busca abrigo num lugar distante.
E como se criasse um novo mundo,
Com papel e caneta,
Escreve poemas
Olhando fotos dela.

Daniel M. Laks
30/09/2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Processo confuso

Às vezes parecem
Momentos fragmentados.
Me afogo em recortes diversos,
Lembranças pulsantes,
De uma teia contínua de acontecimentos.

Penso em fugir.
Em me esconder.
Alguma sombra,
Algum lugar turvo
Decorado de racional.

Insônia.
Pensamentos confusos.
Variáveis incontroláveis.
Vieses ocultos.
Sistemas complexos.
Anagrama de paradoxos.

Mas tem um gosto proibido,
E um desejo partilhado latente,
E algumas noites de sonhos,
E um beijo, um cheiro, um toque,
E uma sensação de certo.

Tem uma mistura de lirismo
E força natural.
Tem uma intransitividade
Que dispensa motivos.
Dádiva de somar,
E ser dividido.

Cenas, assuntos e versos
Se repetem.
Brotam poemas das calçadas.
Brinco de construir e desconstruir
Minhas fantasias.

Piso em nuvens ferruginosas,
E espero ansioso,
Pacientemente um olhar,
Em meio a tantas pessoas
Que passam desapercebidas.

Dias chuvosos e ensolarados
Se alternam.
A meteorologia
Continua equivocada.

A verdade é que não me lembro
Da última vez que estive tão feliz.
Mesmo sem saber o que
Se passa na cabeça dela.

Daniel M. Laks
26/09/2008

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pra moça com jeito de fada

Às vezes parece mística,
A moça com jeito de fada.

Traz nos olhos castanhos,
O éter que flutua as estrelas.
Tem na boca amoras e orvalho.
Tem o beijo das violetas desinibidas.

Feiticeira do bosque
Das flores com gosto de vinho.
Onde a água enlaça as raízes,
Fazendo esculturas de barro e folhas.

O menino sonha com ela,
E com o cheiro
De chuva e madeira
Que fica quando ela voa.

A fada tem asas de borboleta.
E o menino coração de gesso.

Daniel M. Laks
22/09/2008

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Um pouco mais calmo

Hoje a noite tive você.
Alguns momentos transversais,
Ofuscavam nossas confusões paralelas.

Entendimento nos olhos,
O cheiro dos seus cabelos,
O toque da sua pele,
O gosto na minha boca pela manhã.

Deixei apenas meu riso contigo,
Meu choro, você sabe, é particular.
Releve meus caminhos perdidos,
Meus versos repetidos.
Esqueça o que procuro e não posso encontrar

Daniel M. Laks
11/09/2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Nenhuma melodia audível

De novo sentiu solidão,
Quando parou de olhar pra ela.
Jogos de luz e sombra.
Velhos truques de espelhos.

Poemas rabiscados,
Nas paredes internas do quarto.
Portas recém abertas,
Fechadas de novo.

Pensamentos perdidos na névoa.
Nenhuma melodia audível.
Um silêncio ensurdecedor,
E cores desbotadas em tons de cinza.


Daniel M. Laks
10/09/2008

domingo, 7 de setembro de 2008

Cortar cebola

Ela nunca respondeu
O que eu escrevi.
Eu também nunca soube,
Se esperava uma resposta.

Escrevi pra ser sincero.
Não tenho a menor idéia,
Porque sinto essa ânsia
Por sinceridade às vezes.

Depois fui fazer minha comida,
Estava com fome de criação.
Reparei que meus encantamentos
São como meus pratos.
Despertam todos os meus sentidos,
Mas não matam minha fome.

Também reparei
Que nunca mais chorei
De cortar cebola.

xx/09/2008

sábado, 6 de setembro de 2008

Por um pouco de sangue correndo nas veias

Mais uma vez versos e desencontro,
Devia estar acostumado ao ritmo da narrativa.
Resultado direto do confronto,
Da realidade com minha expectativa.

Traço torto poema em rima,
Que não foi sobre o que o futuro aguarda.
Ou o que o passado ensina.
Não foi sobre sonhos ou fantasia.

Foi por um pouco de sangue correndo nas veias,
Por um gosto de fogo na boca,
E um copo raso de esperança quando nasce o dia.

Daniel M. Laks
06/09/2008

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Um poema bonitinho

Na noite clandestina
Entre cores de confusão.
Mergulha em tonalidades fora da rotina,
Do cinza asfalto do chão.

Lampeja versos,
Entre espaços obtusos.
Às vezes perdida em seus próprios processos,
Por caminhos tão difusos.

Diversos rituais incongruentes
Ressignificam sua razão
Quando anoitece procura estradas no céu
Quando amanhece procura estrelas no chão.

Daniel M. Laks
01/09/2008