terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fragmentos

Dissolvo alguns dias na escuridão.
Divido pela matilha de seres,
Que estruturam minha sombra,
As camadas internas
De intimidade compulsiva e
Ironias casuais.

Navego em hiatos noturnos,
Espreitando na orla pálida
De uma lua apagada.
E desperto ciente
Da vida das árvores,
E dos pombos que cercam as torres
Que limitam os homens.

O ar metálico pressiona
O mundo contra meu rosto,
E carrega ondas de rádio e televisão
Para desfocar os sentidos
Dos que interrompem seus sonhos.

Daniel M. Laks
27/01/2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Versos, estrelas, flores, cigarro e chuva

Meus versos não fazem eco.
Não trago comigo grandes ambições,
Tenho como única virtude
As dúvidas sobre minha pessoa.

Às vezes olho reto, mas não vejo a rua,
Prefiro admirar as estrelas.
E penso na distância das coisas que me encantam,
No tempo que leva pra que me sejam visíveis.
Será que aquela estrela ainda está viva?
Será que o brilho que me cativa não existe mais?

Aquela estrela morta me lembra
A última mulher que me apaixonei.
Já não tem mais rosto ou brilho.
A imagem que me assombra muda de face
Conforme mergulho em novas paixões.

Hoje comprei flores baratas no mercado.
Estavam com o nome e o preço errado.
Mas o perfume e a beleza
Impecavelmente certos pra essas flores.

Depois começou a chover torrencialmente,
Meu corpo, minhas roupas e as flores
Faziam parte do mesmo veio de rio
Que desaguava nas ruas engarrafadas.

Como não tinha mais estrelas.
Acendi um cigarro,
E me misturei às nuvens e ao vento
Com a fumaça que soprava.

Daniel M. Laks
22/01/2009

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O Galo (para meu irmãozinho que vai nascer)

O galo acordou atrasado
Pra cantar pro sol,
E enquanto dormia, sonhava
Que o sol esperava o seu cantar
Pra poder raiar o dia.

Mas em seu sono tolo,
O galo não sabia
Que na granja da família,
Galo que tarda a levantar
Não tem outra serventia
Senão sopa pro jantar.

Daniel M. Laks
16/01/2009