sexta-feira, 22 de junho de 2012

Versos de infância


              
                I

Em graus da gente,
Que a gente esconde da gente,
E se esconde da gente, não rima,
Vento não rima,
No cais não rima,
Vela apaga no vento
E quebra na onda, não rima,
Que é turvo escrever no mar.

                II

Tem sempre um carinho que não dói de ser carinho
Porque pra ser carinho não tinha que doer
Mas se dói a dor de ser carinho
Pode ser carinho sem carinho ser.

                III

Na base do copo FAB: 19 08 11 14:56 VAL: 02 11 11 SERAC que o copo era de requeijão copo de vidro desses que tinha algo dentro e tinha algo fora que junto com todo o resto não se destaca em nada de todo o resto e nem de mais nada e nem de mais resto na desordem suturada das coisas que a gente faz pilha na mesa e espinha na cadeira do lado que já é estante que tudo tem um deslugar no seu lugar.

Daniel M. Laks
22/06/2012

terça-feira, 12 de junho de 2012


Faltam campos faltam campos na cidade onde eu moro faltam campos e os prédios fazem eco fazem eco da superfície das palavras das palavras de agulha de vitrola pra colher flores faltam campos de agulha de vitrola pra colher flores fazem eco desatadas de palavras fazem eco desenhadas com cuidado pra colher flores versos simples pra fazer eco de flores de vitrola versos de agulha de palavra gesto de palavra toque de palavra tato de palavra eco pra colher flores pra te dar de presente.

Daniel M. Laks
12/06/2012