domingo, 15 de junho de 2014

“Uma vez o Juscelino foi vaiado e disse: “Feliz do país que pode vaiar um presidente”. Aí foi aplaudido. Precisa ser esperto para reverter a vaia!” (SIMÃO, José. “Copa! Dilma muda para Palmas”. In: Folha de São Paulo, 14/06/2014). 

Se eu estivesse no estádio, vaiaria a Dilma. Se o Aécio fosse o presidente eu vaiaria mais alto ainda! Que bom que ainda podemos vaiar um presidente sem sofrer perseguição política! Em meio a tantos direitos civis desrespeitados por todos os lados, é muito bom ainda poder ter alguma liberdade de expressão! Queria que mais gente defendesse a liberdade de expressão, mesmo quem não concorda com as vaias. Acho que poder falar é mais importante do que concordar com a mensagem. Vejo os debates políticos se radicalizando e as pessoas orgulhosas de seus preconceitos, por todos os lados. Tem os que dizem, de um lado, que: “isso é coisa de petralha”, “isso é esquerdopatia”, “isso é coisa de preto”. Do outro lado a estereotipagem não é muito diferente: “isso é coisa de coxinha”, “são esses evangélicos manipulados”, “é essa elite branca”. Fica um lado desqualificando o outro através de estereótipos, cada qual com orgulho dos seus preconceitos, sem entender que todos juntos somos um país. Enquanto isso, não discutimos nenhuma proposta séria de mudança, não consideramos as reivindicações dos diferentes estratos da sociedade, não nos importamos com o desrespeito aos nossos direitos constitucionais e nos contentamos em escolher o candidato menos pior para governar o país. Precisamos de mais democracia no nosso dia a dia e a postura autoritária de desqualificar o argumento do outro através de estereótipos não ajuda em nada!

Daniel M. Laks
15-06-2014.

sábado, 14 de junho de 2014

Vejo as pessoas muito mais revoltadas com as vaias contra a Dilma do que com as prisões arbitrárias de jornalistas, professores e manifestantes. As pessoas estão mais revoltadas com vaias em um jogo de futebol do que com o fato de pessoas no exercício do seu trabalho ou no seu direito de manifestação terem sido torturadas por policiais militares. Ví falas de políticos diversos sobre o absurdo de se vaiar a presidenta, não vi nenhum vídeo de representantes públicos exigindo a punição exemplar dos policiais que prenderam arbitrariamente e espancaram professores, prenderam arbitrariamente e espancaram a jornalista que fazia cobertura da manifestação, dos policiais que assassinaram a Claudia e tantos outros. Alias, lembro do depoimento da nossa presidenta quando um policial tomou uns tapas dos Black blocs exigindo punições exemplares para estes. Gostaria de ver, por toda a história da Dilma, ela como protagonista da luta pela necessidade de se punir exemplarmente policiais assassinos e torturadores, policiais que forjam flagrantes e fazem prisões arbitrárias! Expulsar da corporação e prender! Afinal, bandido bom é bandido preso! Por favor, corrijam-me se eu estiver equivocado. Se houver um depoimento da Dilma, do Lula ou de outro político que se importe mais com tortura, prisões arbitrárias, estilhaços de bombas, assassinatos diversos nas comunidades e com a necessidade de expulsar e punir exemplarmente esses bandidos fardados que chamamos de polícia militar, por favor, compartilhem comigo. No mais, para mim, foda-se que vaiaram ou aplaudiram durante uma partida de futebol. Foda-se se era todo mundo branco ou se o Cafu e outros negros estavam também neste setor da arquibancada. Foda-se tudo isso, porque tem gente sendo presa arbitrariamente, tem gente sendo torturada, tem gente sendo assassinada. Tudo isso por agentes do estado e isso me revolta muito mais do que vaias ou aplausos em uma partida de futebol!

Daniel M. Laks
14-06-2014