quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Entre tantas bocas descartáveis

Entre tantas bocas descartáveis,
Tantos olhos de carbono,
Alternam-se sístoles e diástoles
Compondo percepções em milisegundos
Do crepúsculo magenta
Que engarrafa a nau da tarde.

Ergue-se a lua dissonante,
Vestida de gala
Em quarto minguante
Enquanto a corte de estrelas cala.

Aqui jaz o tempo,
Aqui todos os espelhos são cegos,
Aqui os versos são paredes,
Daqui nasceu o vento
E todos os cometas vêm pra cá quando dormem.

Meu lirismo canta em retalhos
Quando a noite grita em silêncio.

Daniel M. Laks
27/09/06