quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Algo nas retinas

No fim de tudo
Restou pouco,
Ainda algo de lírico,
Ainda passos de louco.
Dos versos e dos sonhos,
Sobraram folhas para rasgar.
E nas retinas,
Úmidas imagens de algo vulgar.

Daniel M. Laks
29/10/2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Saudades de setembro

Já sinto saudades de setembro.
Vendo rosas burras
Teimando em florescer,
Reparo nas orquídeas sem cheiro.
E tenho um sorriso pras flores de plástico.

Já sinto saudades de setembro.
Foi-se embora sem dizer nada,
Restou o som das lacunas,
O sentido do silêncio.
E um vazio seco na garganta.

Já sinto saudades de setembro.
Não entendo mais o vento.
E das calçadas que jorravam poemas
Vejo a sujeira que escorre nas ruas,
Quando chove o mês inteiro.

Já sinto saudades de setembro.
Quando me lembro das janelas,
Das leguminosas com vagens,
Dos versos que eram mais que meus,
E não eram problemas pra ninguém.

Já sinto saudades de setembro
Nesse outubro que chegou rasgado,
Tirando o vôo das borboletas
Deixando paredes opacas,
E ases de copas no baralho.

Daniel M. Laks
20/10/2008