segunda-feira, 21 de julho de 2008

Lirismo errante

Nosso lirismo pulsou latente
No encontro de nossos olhos.

Primeiro dançamos errantes,
Falamos bobagens,
Palpitamos em silêncio.

Precipitado eu beijei sua boca.
Ela tocou-me os lábios,
Em recusa gentil.

Disse estar confusa.
Debateu sucintamente seus dilemas.
Conversamos sobre cartas de amor.

Fui sincero quando disse gostar dela.
Beijei-lhe com fogo e ternura
Antes de ir embora.

Fiquei com gosto de saudade na boca.

Não sei se vamos nos ver.

Daniel M. Laks
21/07/2008

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Hoje

Eu hoje sonhei com você.
Queria te telefonar.
Soprar idéias embaralhadas
Entre minhas palavras.
Tropeçar no teu silêncio.

Eu hoje acordei lembrando teu beijo.
Queria te ver.
Passar a noite efêmera
Entre castelos de areia.
Acordar depois do carnaval.

Eu hoje sonhei acordado com você.
Queria te dizer oi.
Saber exatamente o que dizer.
Queria não ter que dizer nada.
Queria não ter nada pra dizer.

Daniel M. Laks
14/07/2008

quinta-feira, 3 de julho de 2008

De noite

No fim escorreu,
Molhado entre as cochas dela.
Abraçou-lhe o dorso de forma gentil,
Mas sem transparecer carinho.

Mordeu-lhe os lábios com força,
Para calar suas mentiras.
Alisou seus cabelos
Num gesto mecânico

Ela também não falava nada.
Os dois se entendiam no silêncio.
Os dois preferiam o silêncio,
Às confidências íntimas depois do gozo.

Tentavam entender as seduções um do outro.
Esqueceram das decepções,
Das palavras falsas,
Das mentiras inteiras
Em cada meia verdade.

Agiam como se conhecessem,
E confiassem plenamente um no outro.

Ele se deixou envolver lentamente,
Pelo brilho escuro dos olhos dela.

Ela tomou mais um gole de vinho,
Beijou-lhe a testa e depois a boca.

Deu um sorriso agudo.
E ele sorriu também.

Seus corpos se entendem melhor de noite.

Daniel M. Laks
03/07/2008

Passeio

Foi um passo,
Um mergulho seco.
Um único gesto fora de sua rotina.

Depois planou lento em seus pensamentos,
Amplificados pelas quatro paredes do quarto.

Fantasiou sobre o tempo
Em que acreditou em fantasias.

Riu das rosas e dos poemas de amor.
Riu de todos os ritos bregas
Que compõe sua noção de amor.

Depois foi embora,
Deixando um recado de adeus
Na ausência dos seus passos.

Daniel M. Laks
03/07/2008