sexta-feira, 3 de junho de 2011

Se naquele momento eu tivesse cortado um pedaço da língua com dentes de guilhotina será que a gente se comunicava melhor? Porque com qualquer verdade dentro de mim agora te negaria um poema a canhões de confetes e fogos de artifício: desses de balões de éter com estrelas desgovernadas e naipes de saxofone em colisão com todo o silêncio que esfumaça dentro de mim máquina de costura em nuvens que desventam amanhã com a obra na casa do vizinho povoando os sonhos de marretas e britadeiras em atrito com os copos vazios ao lado da poltrona ou o torcer dos lábios perdidos que escorreram já a algumas ruínas de areia e se agora eu sangrasse toda a apatia vendaval amortecido dos seus olhos e te pedisse uma gota de mar você sereia a se afogar nas flores de olhos fechados das bocas dos mares profundos enquanto durar essa dança enquanto durar essa volta toda a indiferença do meu caleidoscópio de palavras pontiagudas esquecidas em cima do sofá.

Daniel M. Laks
03/06/2011

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