quinta-feira, 3 de julho de 2008

De noite

No fim escorreu,
Molhado entre as cochas dela.
Abraçou-lhe o dorso de forma gentil,
Mas sem transparecer carinho.

Mordeu-lhe os lábios com força,
Para calar suas mentiras.
Alisou seus cabelos
Num gesto mecânico

Ela também não falava nada.
Os dois se entendiam no silêncio.
Os dois preferiam o silêncio,
Às confidências íntimas depois do gozo.

Tentavam entender as seduções um do outro.
Esqueceram das decepções,
Das palavras falsas,
Das mentiras inteiras
Em cada meia verdade.

Agiam como se conhecessem,
E confiassem plenamente um no outro.

Ele se deixou envolver lentamente,
Pelo brilho escuro dos olhos dela.

Ela tomou mais um gole de vinho,
Beijou-lhe a testa e depois a boca.

Deu um sorriso agudo.
E ele sorriu também.

Seus corpos se entendem melhor de noite.

Daniel M. Laks
03/07/2008

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