Foi quando um eu,
Que já não era mais eu mesmo
Me tomou de assalto.
Perdi a fala e tudo aquilo
Que se tornara voz.
Voltei a escrever,
Pois esqueci meu caminho
Em passos tortos.
Alguma sombra
Amarga e densa,
Daquelas que não se projetam,
Reconheceu meus olhos no espelho.
Reencontrar um eu antigo
Foi perder uma parte nova de mim.
Daniel M. Laks
23/12/2009
Um comentário:
Também tenho momentos como esse, pelo menos da maneira como leio.
Às vezes a vida parece um filme
Eu personagem principal
Me vejo com outros olhos
Não me compreendo
Ando como quem não sou
Alheia e sem sentido
Carregando uma folha de papel
Cujo conteúdo ignoro
Cujo fim ignoro
Todo movimento é largo e automático
Não sei por que sorri
Ou por que ando nesta direção
O momento de qualquer ação é tão demorado
quanto aquilo no que prestamos atenção
em parte enfadados
em parte incomodados pela falta de nexo
Quase compreendo o porquê
O porquê de não entender
Nunca entender os outros
Eles são tão incoerentes quanto eu sou
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