Não sei se é discurso de corpo mutilado
Quando me sinto entre parêntesis,
Entre quatro paredes nuas e brancas,
Na claustrofobia da ética da desistência.
Acho que me acostumei a escrever em preto,
E se fosse outra cor de tinta não sei se seria eu,
Tentando expressar aquele ainda não e um já era,
Sem nunca escrever o momento.
Toda linha traçada pela esferográfica
Mancha de tinta escura aquilo que já é passado,
Aquela representação das conveniências
Que as palavras expressam tão bem.
Nunca aprendi a pintar
Para dar cor ao que sinto,
Ou mesmo vermelho aos teus lábios nessa fotografia escrita,
Tampouco aprendi a me sentir no osso.
Retrato melhor a fumaça no espelho,
As figuras desfocadas na miopia urbana,
O lastro das cores que a sombra
Não permite antever.
Às vezes me falta melodia,
Alguma coisa que dê cálcio ás palavras,
Ou mesmo pontes de hidrogênio às lágrimas,
Me falta na escrita aquilo que une nossas bocas.
Me falta na voz a linha das mãos,
O entrelaçar dos destinos
Para quem acredita no acaso,
E mais alguma coisa que não sei bem expressar.
Demando uma palavra nova para dizer que te amo,
Daquelas que se adéquam perfeitamente
Ao que nem sabia que era possível sentir,
Para que entre os emaranhados de cordas encontremos uma única voz.
Daniel M. Laks
03/04/2010
3 comentários:
po irmão! tu não sabe mesmo como escrever música né?
Muito, muito bonito.
Se é que eu entendi... Achei lindo o fato de ser inexplicável... Viajei? Lindo...
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