sábado, 3 de abril de 2010

Um poema de amor

Não sei se é discurso de corpo mutilado

Quando me sinto entre parêntesis,

Entre quatro paredes nuas e brancas,

Na claustrofobia da ética da desistência.


Acho que me acostumei a escrever em preto,

E se fosse outra cor de tinta não sei se seria eu,

Tentando expressar aquele ainda não e um já era,

Sem nunca escrever o momento.


Toda linha traçada pela esferográfica

Mancha de tinta escura aquilo que já é passado,

Aquela representação das conveniências

Que as palavras expressam tão bem.


Nunca aprendi a pintar

Para dar cor ao que sinto,

Ou mesmo vermelho aos teus lábios nessa fotografia escrita,

Tampouco aprendi a me sentir no osso.


Retrato melhor a fumaça no espelho,

As figuras desfocadas na miopia urbana,

O lastro das cores que a sombra

Não permite antever.


Às vezes me falta melodia,

Alguma coisa que dê cálcio ás palavras,

Ou mesmo pontes de hidrogênio às lágrimas,

Me falta na escrita aquilo que une nossas bocas.


Me falta na voz a linha das mãos,

O entrelaçar dos destinos

Para quem acredita no acaso,

E mais alguma coisa que não sei bem expressar.


Demando uma palavra nova para dizer que te amo,

Daquelas que se adéquam perfeitamente

Ao que nem sabia que era possível sentir,

Para que entre os emaranhados de cordas encontremos uma única voz.


Daniel M. Laks

03/04/2010

3 comentários:

Unknown disse...

po irmão! tu não sabe mesmo como escrever música né?

Anônimo disse...

Muito, muito bonito.

Mayra Wainstok disse...

Se é que eu entendi... Achei lindo o fato de ser inexplicável... Viajei? Lindo...