sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tudo que é muitos não é inteiro

Tanta metafísica na desordem do mundo

E eu na discursividade transitiva das coisas,

Na cristalização subterrânea das verdades,

Sem ligar “porquês” à causalidade da ardência dos meus olhos.


Não sei desenhar o cheiro das árvores,

O canto dos pássaros,

E é bem verdade que meus metros de tinta

Me servem para muito pouco.


Sim, minhas pernas continuam a tremer durante a noite,

E acho que não me levam a outros lugares

Por causa dos pulmões pesados de ferrugem,

Ou qualquer outra engrenagem desdentada pela fugacidade do momento.


Me prendo a tapetes bagunçados,

As lembranças esquecidas no quadro de cortiça,

A sexualidade vegetal ressecada no canto da sala,

E ao estrondoso som do silêncio das formas.


Sou as asas da improbabilidade matemática,

A esquizofrenia do verbo e a impotência das representações.

Sou o resto do que evapora na simbiose paralítica do cotidiano

Quando os fios de barbante da aurora rasgam as ondas do mar.


Daniel M. Laks

07/05/2010

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