Tanta metafísica na desordem do mundo
E eu na discursividade transitiva das coisas,
Na cristalização subterrânea das verdades,
Sem ligar “porquês” à causalidade da ardência dos meus olhos.
Não sei desenhar o cheiro das árvores,
O canto dos pássaros,
E é bem verdade que meus metros de tinta
Me servem para muito pouco.
Sim, minhas pernas continuam a tremer durante a noite,
E acho que não me levam a outros lugares
Por causa dos pulmões pesados de ferrugem,
Ou qualquer outra engrenagem desdentada pela fugacidade do momento.
Me prendo a tapetes bagunçados,
As lembranças esquecidas no quadro de cortiça,
A sexualidade vegetal ressecada no canto da sala,
E ao estrondoso som do silêncio das formas.
Sou as asas da improbabilidade matemática,
A esquizofrenia do verbo e a impotência das representações.
Sou o resto do que evapora na simbiose paralítica do cotidiano
Quando os fios de barbante da aurora rasgam as ondas do mar.
Daniel M. Laks
07/05/2010
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