segunda-feira, 1 de junho de 2015

A asa da xícara e a redução da maioridade penal


Como bem se sabe, o hábito de beber chá chegou ao ocidente, via Inglaterra, a partir do contato com a China. A xícara tradicional de chá chinesa não possui(a) asa. Dessa forma, o indivíduo sente, através do tato, a temperatura do chá ao segurar a xícara. Se não estiver quente demais para segurar, também não estará quente demais para beber. Simples e engenhoso. O inglês, entretanto, ao ver a xícara e não entender a finalidade de seu design decidiu inventar a asa. Assim, ele poderia pegar a xícara tão logo o chá fosse servido, sem ter que esperar. Todo orgulhoso de poder segurar a xícara, tão logo o chá fosse servido, sem queimar os dedos, o inglês queimou a boca. A partir dessa fábula, criou-se a expressão “inventando asa para xícara”, em alguns círculos de intelectuais chineses, para descrever a tentativa de alguns grupos de propor alterações no que existe antes de entender o seu funcionamento, criando assim problemas maiores. 

Nenhum país que reduziu a maioridade penal registrou diminuição nos índices de violência ou criminalidade. Nenhum órgão, nacional ou internacional (OAB, Unicef, Anistia Internacional, etc), que possui a função de fornecer critérios técnicos para se entender o caso concorda com a redução da maioridade penal. Mesmo com todas as estatísticas e todos os critérios técnicos defendendo que a redução da maioridade penal não é solução, ainda vemos políticos e populares defendendo a redução. 

A tentativa de redução da maioridade penal no Brasil é a nossa asa de xícara. Teremos os dedos protegidos e orgulhosos ao segurar o chá queimaremos a boca.


Daniel M. Laks
01-06-2015.

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