terça-feira, 22 de setembro de 2009

Lembranças amarradas com barbante

O dia insistia pela fresta da janela,

Projetando na parede o negativo

Das minhas esperanças inseguras.


Fragmentos da noite anterior

Entrelaçavam os dedos

Formando um caleidoscópio digressivo,


Que tingia de combinações de cores

Que não sei o nome,

O sorriso que me escapava aos lábios,

E o desespero não digerido

Que me pressionava o esôfago.


Minhas pernas tremiam

Como entidades alheias ao meu corpo,

No ritmo constante do marcapasso

Que evita as taquiarritmias do meu avô.


Digitais desfocadas

Procuravam o contorno escarpado

Do corpo Dela nos fios do edredom,

Como insetos que buscam

O perfume das flores fora da estação.


A noite havia terminado.

O dia teimava em insistir pela fresta da janela.

E num derradeiro esforço de negar hiatos,

Fechei as cortinas e adormeci.


Daniel M. Laks

22/09/2009

Um comentário:

Anônimo disse...

Como um poema como esse não tem ainda um comentário de admiração?