quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Frases furtadas, latências e exercícios imaginativos

Escuta, você quer mais uma bebida?

Dizem que o whisky

Adormece as ânsias do corpo

E o pânico que flutua das palavras inúteis.


Entre esses dois espelhos,

Esses infinitos quebrados

De cadeiras mancas que dançam uma valsa lenta

Até abraçarem as pernas.


Por agora somos apenas estátuas:

Dois olhos que não se vêem,

Duas mãos paradas em copos trêmulos,

Numa fibrilação fora do compasso dessa valsa.


Depois podemos sair em busca de outra coisa.

Algo que desloque a angústia das feições,

Ou esse acento circunflexo dos sorrisos.

Um rasgar seu ventre por uma noite apenas.


Sabe, como a cordilheira estendida do seu corpo

Para deitar minhas esperanças envergonhadas.

Depois sairei pela janela, na leveza penosa

De um pássaro que não aprendeu a voar.


Daniel M. Laks

02/09/2009

2 comentários:

Anônimo disse...

Daniel,

cada vez que venho aqui me perco, me acho junto a você.
Incrível como é nítida sua respiração marcada, exaltando nas palavras!
O blog está lindo em preto e vermelho!
Posso pegar mais um poema e levar para o meu?
Beijão,

Ana Paula

Nanda disse...

Tava com saudade e vim aqui te escutar...

beijo!