Não sei se eu aqui sou eu.
Estou mais para um tipo de mosaico,
Daqueles de espelho de banheiro.
Retalhos do que me identifico formando identidade.
Marcas textuais,
Grifos meus,
Palavras roubadas do dicionário,
E uma ausência sufocante de presenças.
Tantas coisas se misturam
Na minha cabeça, nesse momento.
Eu hoje falei com Ela
E é dia de lua nova.
O céu estava escuro,
Porque é difícil ver
Estrelas em Copacabana,
E a garrafa de vinho acabou de acabar.
Os labirintos da cidade onde moro
Não tem fios de lã para encontrar a saída.
Apenas cabos de alta tensão
E um emaranhado de pombos equilibristas.
Se eu tivesse olhos pontiagudos,
Furava a indiferença das coisas,
A palidez desse retângulo de árvore morta,
Para encontrar alguma coisa perdida em mim.
Acho que procuro subjetividade exilada,
Sem renunciar a potência das paixões.
Mas prefiro me sujar de tinta
A me purificar pelas palavras.
Daniel M. Laks
14/05/2010
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