Será que algum dia a gente vai se encontrar e conversar sobre o que aconteceu? Eu tenho passado bem a maior parte dos dias, às vezes não o dia todo. As manhãs têm sido especialmente difíceis.
É que o silêncio sufoca a gente O silêncio sufoca O silêncio.
Não me sufoca, acho que também não te sufoca. O silêncio sufoca a gente.
Será que existe a gente?
E existindo a gente, será que fomos felizes?
Eu acho que a gente foi feliz. A gente foi feliz? Você foi feliz?
Casas, carros, pessoas tão pequenas. Vapores, fumaça nas retinas e a cota justa de
Não escrevo a palavra
Como traduzir?
A culpa é do papel, a culpa é do vértice da página, da esferográfica, da tinta preta que prefere representar a experiência.
Eu desesperado para sublimar tudo isso.
Eu aprendiz de passarinho.
Duas frases de resposta. Quantos metros de tinta têm duas frases de resposta? Alongado as letras redondas, a minha carta tem quinhentos e vinte e oito metros de tinta. De que servem quinhentos e vinte e oito metros de tinta? Eu que uso perguntas que não são minhas, perguntas lidas em livros de personagens impossíveis, perguntas que tornam-se minhas quando as escrevo, quando as tomo como minhas, mastigadas e regurgitadas.
Tão estranho um abraço daqueles que dispensa as palavras
Tão estranho eu dispensar as palavras
Não sei dispensar as palavras
Eu tenho passado bem a maior parte dos dias, exceto pelas manhãs eu tenho passado bem a maior parte dos dias.
É só que às vezes eu lembro tanto de você, eu lembro tanto da gente
Eu antes não lembrava da gente, eu convivia com a gente, eu convivia com você, fazia parte do meu presente.
Acho que a gente só se lembra do passado, daquilo que já não é mais.
Não tinha entendido até agora que lembrar faz parte de esquecer
Daniel M. Laks
26/05/2010
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