Quase ninguém percebe nada.
A beleza das coisas que têm quando belezas são
Passarinham-se como o vento.
O aprendiz de carpinteiro passa o descanso
Talhando ondas num pedaço de eucalipto,
Imaginando o oceano de dentro.
De mares mais profundos e horizontes mais largos
Enquanto o movimento das marés não se torna folha fina
Sob os postes da cidade disfarçados de luar.
O cansaço das pálpebras aperta os olhos
Num breve piscar que divide a luz em raios finos,
Para depois desabraçá-la do asfalto.
Até que mais um dia desponte na barriga do mundo,
Deixando no chão somente o umbigo,
Cicatriz cavada funda na terra.
Daniel M. Laks
15/07/10
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