quinta-feira, 15 de julho de 2010

O corpo cansado procura o lugar onde os olhos não precisam do corpo

Quase ninguém percebe nada.

A beleza das coisas que têm quando belezas são

Passarinham-se como o vento.


O aprendiz de carpinteiro passa o descanso

Talhando ondas num pedaço de eucalipto,

Imaginando o oceano de dentro.


De mares mais profundos e horizontes mais largos

Enquanto o movimento das marés não se torna folha fina

Sob os postes da cidade disfarçados de luar.


O cansaço das pálpebras aperta os olhos

Num breve piscar que divide a luz em raios finos,

Para depois desabraçá-la do asfalto.


Até que mais um dia desponte na barriga do mundo,

Deixando no chão somente o umbigo,

Cicatriz cavada funda na terra.


Daniel M. Laks

15/07/10

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