Uma garrafa de vinho
Resolve o excesso de sobriedade.
Os outros problemas de tempo
Giram em ponteiros metálicos.
Exatamente igual ao brinquedo de criança:
Envolve com barbante, coloca no chão,
E com um rápido movimento das mãos,
Faz tudo rodar até se tornar azul.
Aquele azul que quase não se percebe.
O segredo é fixar o olhar até a forma deixar de existir.
Como uma correnteza de rio desatenta as pedras
Ou aqueles pedaços do céu que refletem o mar.
Mas eventualmente, as células do corpo humano,
E todo o sistema de redes neurais se renova
Até que não exista mais memória dessas formas
Que viram cores quando rodopiam confusas.
Então compramos relógios de pulso,
Escondemos os olhos atrás de lentes polarizadas,
E vivemos todos os dias numa pressa compulsiva
De chegar a lugar nenhum.
Daniel M. Laks
10/07/2010
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